MOSSORÓ EXPULSOU O BANDO DE LAMPIÃO A BALA - DISSE NÃO À EXTORSÃO DO CANGACEIRO - UM GRANDE FATO NA HISTÓRIA DO NORDESTE - FATOS E FOTOS!

Mossoró nos dias atuais - Em destaque a Catedral Diocesana de Santa Luzia


Igreja São Vicente de Paula - Construída por retirantes na Seca de 1915
Uma das trincheiras para impedir que Lampião invadisse Mossoró
 Dia 13 de junho de  1927, após dizer não a Lampião, que cobrou 400 contos de reis (em moeda da época 400  milhões de reis – atualmente uns 20 milhões de reais) para não invadir a cidade, começava um tiroteio entre moradores da cidade e os cangaceiros, que se dividiram em 03, forçando a cidade a levantar várias trincheiras, sendo as principais: a  Estação Ferroviária, hoje uma casa de cultura; a sede da prefeitura, hoje Palácio da Resistência e a trincheira no Campanário da Capela de São Vicente de Paula, que Lampião denominou de “ Igreja da Bunda Redonda” .

Igreja São Vicente de Paula - Construída por retirantes na Seca de 1915
Marcas de bala no campanário = onde ficaram mossoroenses
 Do Jornal o Mossoroense sobre a história da Igreja:

 “Aquele templo é uma dádiva de suor, sangue e lágrimas dos retirantes de 1915. Merece um poema à memória de um êxodo forçado”. E o próprio professor Barreto faria esse poema, quando apelava: 

Mossoroenses, quando passardes diante da Igreja de São Vicente de Paula, prestai o vosso culto, não só ao orago do templo, como aos seus construtores, quase todos desaparecidos já, porém, ainda mais rendei o vosso preito àqueles humildes grandes, que fabricaram, de graça, o material para o citado templo”.

Igreja São Vicente de Paula - Construída por retirantes na Seca de 1915
Marcas de balas no campanário - onde ficou a resistência de Mossoró

Findando com a expulsão dos cangaceiros, a morte de alguns deles e a prisão do temível Jararaca, enterrado vivo no cemitério da cidade, após cavar sua própria cova. O interessante é que hoje é visto como santo pelo povo, devido a crueldade com que foi morto. Recebendo o seu túmulo visita de milhares de pessoas em dias de finado e ao longo de todo ano. Na verdade mais prestigiado que o túmulo de muitos políticos famosos nacionalmente, enterrados no mesmo cemitério e ao longo do ano utilizado pelos gatos e outros animais como abrigos. Mostrando que nem sempre o séquito que em vida rodeia os poderosos permanece uma vez morto. Ironicamente ao contrário do cangaceiro.


Igreja São Vicente de Paula - Construída por retirantes na Seca de 1915
Marcas de balas no campanário = onde ficaram mossoroenses


Mossoró, depois de Natal, é a maior cidade do Rio Grande do Norte. Tem  quase 300.000 habitantes e uma economia poderosa, baseada sobretudo no petróleo e na produção de sal marinho. Uma das grandes e poderosas cidades da Região Nordeste. A origem do nome Mossoró está ligada  ao rio, à beira do qual floresceu, Rio Mossoró, nascido na chapada do Apodi, que rasga a terra com vigor, criando seu leito, rompendo-a, por isso tendo o nome ligado à ruptura, que em Tupi Guarani é Mossoró. O que rompe, o que rasga poderosamente. 


Placa de homenagem aos heróis que expulsaram Lampião de Mossoró em 13/06/1927


Num lugar assim, Lampião deveria ter pensado duas vezes antes de tentar invadir e ser expulso de forma humilhante, assim historicamente a cidade ligou seu nome ao famoso personagem Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, a exemplo de Juazeiro do Norte, que jamais ousou invadir, pois temia Padre Cícero com seu poder religioso e político. Bom destacar também que Mossoró foi a primeira cidade do Rio Grande do Norte a libertar seus escravos, a exemplo de Redenção no Estado do Ceará.



Placa de homenagem aos heróis que expulsaram Lampião de Mossoró em 13/06/1927
Anualmente, em frente  à igreja que funcionou como trincheira é encenado um musical chamado: CHUVA DE BALA NO PAÍS DE MOSSORÓ, que remonta todo o fato histórico e mantém viva a memória. 


Prefeitura de Mossoró - Palácio da Resistência - uma das Principais Trincheiras


O cordelista Zé Lacerda, no Cordel: JARARACA – O CANGACEIRO ARREPENDIDO.  
(link: http://www.cordelnarua.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=2765774  ) falou assim de Jararaca:

Já falei da Jararaca
Num cordel anterior
Disse que esse cangaceiro
Em santo se transformou
Sua vida e desacato
Mas não expliquei o fato
Que o povo o beatificou.

A injustiça o transformou
Num terrível cangaceiro
Aliou-se a Lampião
Se tornando um desordeiro
Os cantos que ele passou
E os crimes que praticou
Contei no cordel primeiro

Naquele grande entrevero
Que Massilom projetou
De assaltarem Mossoró
Jararaca se animou
Afoito, sempre na frente,
Mas a coisa ficou quente
Pois Mossoró revidou. 

Abaixo fotos do Memorial ao Cangaço e à Resistência:


Monumento ao Cangaço e à Resistência de Mossoró

Com Gilberto - Mossoroense que nos guiou pelos monumentos e história

Placa com fotos dos heróis da Resistência de Mossoró
Único caso em que Lampião foi derrotado numa invasão
MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA

Aviso de possível invasão a Mossoró - cidade já rica em 1927
MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA

Mossoroense capturado  por Lampião manda aviso que Mossoró
Deve pagar o resgate de  400 contos de reis
O equivalente a 400 milhões de reis da época
MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA

Bilhete do Próprio Lampião ao prefeito de Mossoró
Ameaçador - Foi invadir e houve o conflito e bateu em retirada

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

Valdecy Alves - Ativista
MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

O LENDÁRIO CANGACEIRO LAMPIÃO - VIRGULINO FERREIRA
MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

MEMORIAL DO CANGAÇO E DA RESISTÊNCIA
Paineis de Cangaceiros

Um mistério fica no ar: POR QUE O SANTIFICADO É UM CANGACEIRO E NÃO UM DOS RESISTENTES? POR  QUE NÃO SANTIFICARAM O PREFEITO DE MOSSORÓ QUE LIDEROU A RESISTÊNCIA?  POR QUE AS FOTOS DOS HERÓIS DA RESISTÊNCIA SÃO TÃO PEQUENAS E A DOS CANGACEIROS PAINEIS ENORMES? PARECE QUE O POVO DE MOSSORÓ NÃO SE IDENTIFICOU MUITO COM OS HERÓIS DA RESISTÊNCIA! Que interesses realmente defenderam??? De toda forma foram bravos sim! Com a palavra os historiadores.  Abaixo fotos do túmulo do Cangaceiro Jararaca, ou melhor São Jararaca:


Foto odo Túmulo do cangaceiro  Jararaca
Santificado pelo Povo - Enterrado Vivo

Foto odo Túmulo do cangaceiro  Jararaca
Santificado pelo Povo - Enterrado Vivo
Túmulo mais visitado em dia de finados e ao longo do ano inteiro

Foto odo Túmulo do cangaceiro  Jararaca
Santificado pelo Povo - Enterrado Vivo
Túmulo mais visitado em dia de finados e ao longo do ano inteiro

SOBRE A FAMOSA SANTIDADE DO JARARACA DIZ A MÍDIA, que é fato:

O jornal Gazeta do Oeste em 12 de junho de 1994 publicou uma entrevista com o bioquímico, e hoje Assessor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), Paulo Medeiros Gastão, onde o Jornal perguntava sobre o fato da devoção hodierna à Jararaca quando muitas pessoas acham que ele obra milagres e a visão do pesquisador, respondeu: "A história do milagre se confunde muito com o misticismo, com a conduta cultural de um povo. Jararaca, apenas foi consagrado, por conta de sua bravura. O povo sempre busca o menor para enaltecê-lo. Nós sentimos isso no próprio cemitério, quando o túmulo de Rodolfo Fernandes, não recebe o mesmo número de visitas correspondentes ao túmulo onde está Jararaca".



Valdecy Alves visita o Túmulo do cangaceiro  Jararaca
Santificado pelo Povo - Enterrado Vivo
Túmulo mais visitado em dia de finados e ao longo do ano inteiro

Comentários

TENHO ORGULHO DE TER VC COMO CONTERANIO MUITO OBRIGADO POR NÓS PROPORCIONAR ESTES MOMENTOS
Vai ver que o povo pensa que já que é do veneno da cobra que se obtém o antidoto, ele fica mais forte na fé do jararaca.
LINDOMAR disse…
É super interessante este acontecimento clássico em pleno sertão.
Tive a oportunidade de assistir ao espetáculo teatral "Chuva de Bla no País de Mossoró". É uma mega-produção que retrata toda esta saga aqui narrada pelo Dr. Valdecy.
E recomendo a quem visitar Mossoró no mês de junho a prestigiá-lo.
QUEM SAIRIA DE SEU ESTADO PARA VISITAR UM O TUMULO DO PREFEITO. A CURIOSIDADE ESTA NO CANGAÇO, CIDADE INVADIDAS, RESISTÊNCIA E TUDO MAIS E COADJUVANTE NA HISTÓRIA PARA O PÚBLICO, SE NÃO FOSSE O BANDO DO LAMPIÃO NINGUÉM NEM LEMBRAVA DO FATO. SAÚDO A CIDADE MOSSORÓ, DE VALENTES. LAMPIÃO MESMO RESPEITAVA OS NORDESTINO VALENTE E CORAJOSOS ASSIM ME DISSE UMA DAS SUAS DESCENDENTE EM UMA VIAGEM A FRIBURGO, UMA SENHORINHA QUE CONHECI.
QUANDO ME VIU FARDADO DE BM, MANDOU SEU MOTORISTA PARAR NA ESTRADA ME OFERECEU UMA CARONA. CONVERSAMOS NA VIAGEM, UMAS DUAS HORAS E DEU PARA VER A SUA FORÇA DE ESPIRITO E O RESPEITO POR SEU AVÔ.
Selma Araújo disse…
Parabéns Valdecy por divulgar a história do Nordeste e porque não dizer do nosso país.Através de estudiosos como você as pessoas começam a repensar valores.
A pergunta levantada pelo Valdecy é a seguinte: Por que o verdadeiro herói é tratado com silêncio, ao passo que o verdadeiro bandito é tratado como herói? Interessante indagação, de modo que o tema nos fornece vários ângulos de discussão, seja na história do Brasil, seja na história europeia. No meu modo de ver, o bandido Jararaca é retratado como herói por questões religiosas (o texto já deu a entender isto). Religiosas em que sentido? Foi uma praxe na história do catolicismo romano a exaltação de pessoas que foram mortas como mártires. Veja-se, por exemplo, o que ocorreu com um cão na França medieval, assassinado e enterrado por ter sido acusado de matar uma criança, o qual posteriormente passou a ser invocado por religiosos, depois que souberam que, na verdade, o cão estava defendendo a criança de uma cobra, a responsável de fato pela morte da criança. Assim como o cangaceiro Jararaca, o mesmo cão passou a ser invocado depois que surgiram boatos de que ele havia realizado milagres. Tais comportamentos só tendem a aumentar a fama dos protagonistas, dada a crença de seus invocadores. Embora o cangaceiro não tivesse sido protagonista de feitos heroicos (pelo contrário, foi a Mossoró para matar e roubar), a sua morte e o modo como foi morto e enterrado é que geraram uma atmosfera propícia à invocação, pois, em derradeiro momento de vida, supõe-se que se arrependeu de seus pecados, terminando, por fim, sendo "vítima" de "carrascos enfurecidos". Quanto ao prefeito, embora sua postura seja de fato heroica, a relação entre o agente e o fato em si não se submete aos critérios adotados para a criação de um herói (no âmbito nacional). Oficialmente existe uma lista de heróis nacionais, todos (ou quase todos) do século XIX, justamente na época que se pretendia criar uma identidade para o Brasil. É por isto que são considerados somente heróis aqueles que estiveram diretamente associados à soberania e à liberdade de nosso país. Quanto à história local (a de Mossoró), é logicamente aceitável que o prefeito em questão estivesse entre seus grandes heróis. A inversão de valores se deve exatamente porque a conotação religiosa acabou encobrindo o brilho do feito do prefeito. Cabe às autoridades locais rever isto, mas inevitavelmente se deparariam com um direito garantido pela CF, no caso o direito de crença, de modo que impedir as visitas de cunho religioso seria um suicídio político. Além do quê, o cangaço teve notória participação na memória da história do Nordeste, de sorte que o aspecto visual (retratos maiores e outros menores) acaba se tornando um atrativo a mais para os visitantes (daí, também, o porquê da imagem dos resistente ser menor do que a dos cangaceiros). Enfim, a matéria é sugestiva e nos fornece boas ferramentas de discussão.
Uma curiosidade à parte: depois que o bando de Lampião saiu de Mossoró, se dirigiu a Limoeiro do Norte (CE), previamente avisada de que o bando chegaria com fins pacíficos, pois precisariam somente de comida. O bando sequestrou dois moradores de Mossoró, sendo um deles o genro do gerente do Banco do Brasil. Ao chegar em Limoeiro, exigiu que o prefeito de Mossoró lhe enviasse certa quantia, cujo pedido fora aceito. Antes, porém, da quantia chegar, o bando teve que desertar, sob a ameaça de que uma volante estaria se aproximando de Limoeiro. Os dois prisioneiros foram soltos pelo bando em outra cidade. Quando, porém, Lampião se dirigia a Limoeiro, chegou a um certo local onde deu-se por perdido, desorientado geograficamente. Dirigiu-se a algumas crianças que brincavam em um terreiro e perguntou qual delas sabia o caminho pretendido.O senhor Luís dos Santos (que residiu em Senador Pompeu durante muitos anos - tendo sido inclusive enterrado lá - pai do atual juiz Geraldo Bizerra) acenou que sabia o caminho. Lampião teria dado a garantia de que o menino os conduzisse até certa encruzilhada e um dos cangaceiros o traria de volta. Dito e feito. Esta última informação eu colhi, há alguns anos, de um neto do falecido Luís dos Santos.
edson marlede disse…
Olá Valdeci tudo bem? sou o edson fotógrafo irmão do everaldo de sorocaba lembra da gente? bom te encontrar abraços e mande um abraço para o claudio

MSN edsonmarlede@hotmail.com
facebook/edsonmarlede
Unknown disse…
VALDECY meu querido eu te considero um baluarte da cultura sindical, mas nesta tua visita a Mossoró se protegendo do sol com chapéu, camisa de manga longa, calça corsário me lembrava um cangaceiro moderno, contemporâneo da cultura do NE (rsrsrs). Visito sempre seu blog e registro que são adoráveis os seus escritos: relatos e poemas que ao ler, nos faz deslizar numa pista sem obstáculos, nos faz beber da literatura essa água nobre da vida. Um forte abraço meu amigo!

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