CORDEL DE KLEVISSON VIANA - João Victor: O Menino Pobre Assassinado por Seguranças do Habib's - A ARTE FIXANDO A HISTÓRIA E DENUNCIANDO A INJUSTIÇA SOCIAL



Klevisson Viana, além de ativista da literatura de cordel, empresário dos bons no comércio e lançamentos de cordéis e novos talentos, é um cordelista de primeira. Após o triste fato da morte de um menor,  João Victor, por seguranças de uma das lojas Habib's, ele lança um cordel. Protestando e denunciando o triste fato. Um grito no silêncio que impera nesse mundo de barbárie. Não mais que a história narrada, com a beleza da arte. Fato é fato. Defende a vida, a dignidade humana, em forma de poesia. Pois a vida é uma poesia no deserto do mundo inorgânico. Mas a vida e o direito à vida tem sido aviltado como nunca nos dias atuais. Poesia denúncia. Poesia história. Poesia cidadã. A morte de João Victor é mais um desses crimes bárbaros e cruéis, que bem demonstra o fracasso do Estado. Fracasso da política. Fracasso da sociedade civil. Nesse caos e nesse inferno, só a arte pode falar mais alto que a loucura. Leia o cordel abaixo, disponibilizado para todos, sem fim lucrativo: 

JOÃO VICTOR:
O MENINO POBRE ASSASSINADO
POR SEGURANÇAS DO HABIB’S
Autores: Klévisson Viana e Arievaldo Viana
Capa: Jorge Guidacci

Meu coração de poeta
Não pode ficar calado
A pena do cordelista
Precisa dar seu recado
Protestar contra esse crime
Que me deixou abalado.

Porque a ganância humana
Perdeu de vez a noção
Não valoriza mais nada
Só atende ao deus cifrão
Somente o lucro interessa
Ao homem sem coração.

Este mundo vem errado
Desde o começo da Era
Quando o homem não domina
O seu instinto de fera
Age contra o semelhante
E a maldade prolifera.

Surgiram as religiões
Mas de pouco adiantaram
Quando vejo as divergências
Que elas próprias criaram
Percebo que foi inútil
O que os Mestres pregaram.

A morte dessa criança
Não pode ficar de graça
Pois todo o Brasil espera
Que a Justiça se faça
Não deixemos que este caso
Vire comida de traça.

Falo aqui de João Victor
Um pobrezinho sem nome
Mais um filho injustiçado
Desse Brasil que não come
Implorando por migalhas
Para aplacar sua fome.

Foi morto covardemente
Conforme vi na manchete;
Seguranças truculentos
Em frente a uma lanchonete
Franqueada do Habib’s
O mataram de bofete.

Dizem que o próprio gerente
Participou da chacina
A mim não importa o cargo
Dessa serpente assassina
Mas o vil capitalismo
Que em tudo predomina.

Depois dessa covardia
Os seus pais denunciaram
Porém os policiais
Sequer se interessaram
De apurar as denúncias,
Desinteresse mostraram.

A grande mídia se cala
Em nome do vil metal
É covarde e conivente
Age a serviço do mal
Joga o país no abismo
Chafurda no lodaçal.

Se fosse um garoto rico
A vítima dessa maldade
O caso rapidamente
Teria notoriedade,
Mas como é um pobrezinho
É vítima da impunidade.

A Lava Jato não lava
Esse tipo de indecência
Dessa imprensa covarde
Que age por conivência...
Porque a Justiça Cega
Não protege a inocência?

Justiça só a de Deus.
Não, dessas feras mesquinhas...
Que agem pela ganância
Almas perversas, daninhas!
Não sabem que Jesus disse:
- Vinde a mim as criancinhas?

Quantas crianças famintas
São vítimas dessa torpeza?
Quando aparece uma voz
Pra consolar a pobreza
É calada e perseguida
Por quem pratica a vileza.

Cadê o Estatuto da
Criança e do Adolescente?
E os Direitos Humanos,
Onde andarão minha gente?
Porque não clamam a Justiça
Para esse pobre inocente?

Quem vive a bater panelas
Não sabe o que é passar fome,
Nem sabe o que é miséria
Porque todo dia come!
Não cata restos de lixo
Não é um pobre sem nome.

A vida humana hoje em dia
Não vale mais um real...
A voz de um pobre faminto
Transborda logo o dedal
Do ódio e da violência
Que movem a máquina do mal.

O caso foi em São Paulo
E as câmeras registraram
E mostram os dois brutamontes
Que a criança arrastaram,
Porém para inocentá-los
Mil versões apresentaram.

Mas não são os seguranças
Que eles querem proteger
Há interesses mais fortes
Todos podem perceber;
Quem entende de negócios
Sabe o que eu quero dizer.

Não é preciso ser gênio
Para entender a questão
Nem ter a sabedoria
Do grande Rei Salomão;
Tudo provém da ganância
Do maldito deus Cifrão.

As fotos mostram um menino
Pequeno, magro e mirrado,
Mas tinha um semblante meigo
Mesmo vivendo humilhado;
Porém a mídia distorce
Dizendo que era drogado.

Porém, essa alegação,
Da culpa não os redime
A verdade é que ali
Se praticou mais um crime
Por culpa do Capital
Que nos avilta e oprime.

Jesus, nosso grande Mestre,
Profeta justo, inspirado,
Diz no Sermão da Montanha
Que é bem aventurado
Quem tem sede de Justiça
Porque será saciado.


FIM


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