Dia Internacional da Mulher - Discriminação e violência - Uma reflexão

Foto da passeata dos anos 60, cartaz de Ziraldo

Após o Iluminismo, quando se defendeu fanaticamente que imperasse a razão, sobretudo afastando a influência da religião, que fora um desastre, sobretudo para ciência e para o Direito na Idade Média, sendo a mulher grande vítima de terríveis e equivocados dogmas religiosos, houve um grande avanço dos direitos políticos, depois dos direitos sociais. Mesmo assim a mulher sempre discriminada. Mas que tipo de discriminação é essa ? que tipos de violência tem sofrido a mulher ? Como podemos avaliá-la ao longo da história humana ?

Inicialmente, bom lembrar que a mulher, na maioria das culturas nos 05 continentes, sempre foram discriminadas. TODA DISCRIMINAÇÃO É VIOLÊNCIA. Talvez porque a partir do fim da Idade da Pedra não tivessem usado espadas nas guerras, talvez porque, em virtude da diferença da força física, não pudessem caçar com os homens. Na era da força, da guerra, da brutalidade, da pré-civilização, ter menos força é ser inferiorizado. Valendo também para os deficientes, para os escravizados. Quem não sabe que em Esparta os que nasciam deficientes eram jogados dos penhascos ? Que entre os esquimós se o primeiro bebê fosse mulher seria eliminado ? Nesse contexto, onde não havia ainda civilização, deve ter nascido o chão que alicerçou toda a discriminação no período civilizado, dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais. Toda sorte de violência moral e física.

Necessário, de forma simples e resumida, explicar o que são tais direitos, para então entender a discriminação. Mas antes quero destacar importantes mulheres de todos os tempos na história da humanidade:

Cleópatra: famosa rainha egípcia, famosa pela sensualidade, pelas artimanhas políticas e por ter sido a paixão de Júlio César, há mais de 2.300 anos;
Hipácia de Alexandria: filósofa e matemática grega que foi assassinada por defender idéias que afrontaram a intolerância religiosa e a falta de liberdade de expressão, há mais de 1.500 anos;
Joana D´Arc: famosa mulher guerreira, que liderou os exércitos franceses contra os ingleses. Símbolo de heroísmo francês. Morreu há mais de 500 anos;
Marie Curie: famosa cientista que isolou o rádio, elemento químico. Primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel;
Frida Kahlo: grande pintora mexicana.
Cecília Meireles: maravilhosa poetisa brasileira;
Chiquinha Gonzaga: fantástica compositora na música brasileira;
Rachel de Queiroz: escritora cearense, primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras.
Simone de Beauvoir: filósofa francesa nascida em 1908, autora do livro O Segundo Sexo, obra que deu início ao movimento feminista, que muita gente, sem leitura, confunde com guerra de sexo.

Mas as 10 mulheres acima são exceção. Abriram a fórceps os direitos que conquistaram. Bom salientar que quando se fala em violência trata-se da violência física e moral. Sendo que a violência física vitima algumas mulheres e a violência moral, via discriminação, vitimiza todas as mulheres de todas as gerações, isto é, no espaço e no tempo. As demais mulheres continuaram marginalizadas, mesmo quando elas eram respeitadas e aplaudidas. Pois na história humana nada nunca foi capaz de parar a genialidade e o talento, que estão acima do sexo. Mas para entender a discriminação, vejamos alguns exemplos direitos acima citados e hoje princípios constitucionais:

DIREITOS HUMANOS CIVIS E POLÍTICOS: Liberdade de expressão, liberdade religiosa, direito de ir e vir, direito de votar e ser votada, liberdade de associação, direito de igualdade perante à lei...

DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS, CULTURAIS E AMBIENTAS (DESCA´S): direito ao salário mínimo, direito ao trabalho, direito à aposentadoria, direito a produzir e ter acesso à arte, direito ao meio ambiente sadio, proteção à maternidade, direito à educação, direito à saúde, direito à segurança, direito à igualdade de remuneração para trabalho igual......

Na Grécia as mulheres não tinham participação política na ágora, Cleópatra só foi rainha porque herdou o trono com a morte do marido, a exemplo da várias rainhas européias. No Brasil a mulher só teve direito a votar em 1932, mesmo assim nunca tivemos uma presidenta. Na Idade Média, a mulher não tinha acesso à educação, o que é regra atualmente na maioria dos países islâmicos. A primeira greve feminina acabou em tragédia, com as mulheres sendo queimadas numa fábrica de tecidos. Fato que originou o dia 08 de março como dia Internacional da Mulher. Até pouco tempo a mulher que casasse e não fosse virgem, poderia ser devolvida pelo noivo. Estava no Código Civil. Abaixo algumas das personagens mais marcantes da literatura e teatro universal:

Penélope: da Odisséia de Homero, símbolo da ética e da família grega, que aguarda a volta de Ulisses da guerra de Tróia;
Medéia: personagem, principal de uma peça do dramaturgo Grego Eurípedes. Considerada um dos mais fortes personagens do teatro universal;
Antígona: personagem único da tragédia grega que mostra a luta do direito natural, representado por Antígona, contra a lei humana, o direito positivado. Personagem criado por Sófocles;
Dulcinéia: Paixão de Dom Quixote;
Julieta: da grande obra de Shakespeare;
Ema Bovary: famosa personagem da literatura francesa;
Capitu: Conhecida personagem da obra de Machado de Assis;
Lolita: Ninfeta que maravilha o personagem masculino na obra de Vladimir Nabokov;
Marguerite Gautier: a Dama das Camélias e inspiração para famosa obra de Verdi;
Maria: da linda poesia de Castro Alves

É público e notório que as mulheres ganham menos que os homens, que durante muito tempo foram proibidas de produzir e ter acesso a bens culturais, ser escritora, ser intelectual, na Idade Média, muitas foram queimadas como bruxas. Sabe-se que a licença maternidade sofreu grande resistência, que se discrimina mulher casada, pois pode engravidar. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 5º, inciso II, iguala homens e mulheres em direitos e deveres. Igualdade política, igualdade legal, igualdade social. Igualdade de oportunidade, a partir daí, crescem e ocupam os espaços os que se mostrarem mais capazes, independentemente do sexo.

Algumas medidas importantes: que a mulher trabalhadora, com dupla jornada, externa e em casa, protegido pela previdência quando pode aposentar-se 05 anos antes. A mulher agricultora, acertadamente, além de não ter que contribuir com a previdência, aposenta-se 05 anos antes que a trabalhadora urbana. As quotas de mulheres nos partidos políticos e a própria Lei Maria da Penha.

Quanto o direito à segurança e acesso à Justiça, bom dar destaque à Lei Maria da Penha, forma de intervenção pontual para fazer cessar o massacre às mulheres, garantindo-lhes o direito à integridade moral e física. Um marco para ruptura cultural de séculos e séculos de massacre à mulher, sempre tratada como objeto, coisa e propriedade do homem. Fruto da apropriação e da violência mais irracional e extrema. E quando se fala em mulher, fala-se na metade da humanidade, mãe da outra metade. Antes de prosseguir com o presente texto, citarei algumas poderosas deusas da mitologia universal de duas poderosas civilizações:

Afrodite: Deus do amor na Grécia;
Hera: Deusa mais poderosa. Mulher do todo poderoso Zeus. Símbolo da família.
Atenas: deusa da sabedoria, que deu nome à capital da Grécia;
Isis: Deusa mãe do Egito, do amor e da arte.
Maat: Deusa egípcia da Justiça e da Verdade;



C O N C L U S Ã O: A construção de uma sociedade realmente humana, ética, civilizada, justa e solidária, torna-se um sonho impossível quando a mulher, metade da humanidade e mãe da outra, a exemplo do homem, metade da humanidade e pai da outra, é discriminada. Nada de bom, de ético ou de ideal pode nascer alicerçado na discriminação, no desrespeito, na violência. Em não se corrigindo tais distorções e equívocos, poderemos ter tudo, poderemos ser tudo, menos denominar-se de civilização. Pode ser denominada a humanidade de tudo, menos de justa. Muito há a corrigir nos 05 continentes. Sobretudo a forma como as religiões tratam a mulher. A exemplo de Eva, no Ocidente, onde a mulher foi reduzida a uma costela de Adão e culpada pelo pecado original. De tal forma que até hoje não se teve uma papisa na igreja, que em muitas outras áreas luta pelos respeito aos direitos humanos. Nessa mudança todos têm seu papel a desempenhar:

Individual: evitar e combater toda forma de violência e de discriminação;
Através das entidades: associações, sindicatos, ong's. Colocarem nos seus projetos de trabalho e de luta a defesa de igualdade de oportunidade, de igualdade perante à lei, denunciando e combatendo toda forma de violência, sobretudo contra mulher;
Através da religião: todo tipo de Igreja e credo engajar-se na mesma luta;
Através do Estado: Toda máquina pública, Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, escolas...

Um mundo mais justo, então, depende da luta e da militância de cada um. Logo, mãos à obra ! Com esta reflexão e deixando claro que a luta é de todos e os benefícios também. PARABÉNS A TODAS AS MULHERES DO CEARÁ, DO BRASIL E DO MUNDO ! PELO QUE JÁ CONQUISTARAM COM LUTA E PELA CAPACIDADE DE CONQUISTAR O QUE FALTA SER CONQUISTADO.

Comentários

khayyam disse…
eu queria parabenizar pelo blog feito está muito bom,e queria parabenizar pelas suas grandes conquistas pelo longo da vida

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