REALIZADO: O V SEMINÁRIO SERTÃO - SECA MEMÓRIA E CIDADANIA - Campos de Concentração Nunca Mais - NA MANHÃ DE 05/05/2018 - NA AABB DE SENADOR POMPEU - FORAM 05 MESAS TEMÁTICAS - EVENTO TRANSMITIDO AO VIVO PELO FACEBOOK - ENCERRADO COM VISITA ÀS RUÍNAS DO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO PATU
Abertura do evento e formação da primeira mesa Coordenação das Mesas: Mara Paula Fotos: Mara Paula e Valdecy Alves |
O V SEMINÁRIO SERTÃO - SECA - MEMÓRIA E CIDADANIA - TEVE 05 MESAS TEMÁTICAS ABORDADAS PELOS PALESTRANTES: O evento teve início tão logo sua coordenadora Mara Paula deu às boas vindas e leu o manifesto. Em seguida foi exibido documentário sobre a 35ª Caminhada da Seca, realizada no segundo domingo de novembro de 2017. Logo após tiveram início as palestras, sendo 03 mesas temáticas, sendo o último palestrante o memorialista do Crato James Brito Lobo, que falou sobre o Campo de Concentração do Buriti, que em 1932, funcionou no Crato ao tempo que fez comparações com o Campo de Concentração do Patu em Senador Pompeu. Ao final foi lançado o livro de poesias pelo poeta Vieira Filho. Encerrando-se o evento com a ida doa palestrantes e ativistas às ruínas do Campo de Concentração do Patu. Um dos mais importantes momentos do seminário foi a apresentação para todos de Dona Carmélia Gomes, última sobrevivente do Campo do Patu. Transmitido ao vivo pelo Facebbok por Walter Lima e o Câmera Reginaldo Araújo. Sem dúvida o evento foi um sucesso e se trata de um dos principais, sobre o tema Campos de Concentração, no Ceará e no Brasil.
Primeira mesa palestrando e em debate Da esquerda para direita: Glauber Matos - Robério Fernandes - Iderlândio Morais |
OS TEMAS APRESENTADOS PELOS PALESTRANTES FORAM OS MAIS VARIADOS: Ao todo foram mais de duas horas de palestras seguindo os mais diversos eixos, sempre em torno das políticas de campos de concentração adotados nas grandes secas do Ceará. Abaixo a programão completa, seguida na íntegra:
PROGRAMAÇÃO DO V SEMINÁRIO
Sertão – Seca -
Memória e Cidadania
Campos de
Concentração nunca mais
CANUDOS E
CALDEIRÃO - TRAGÉDIAS IRMÃS
DOS CAMPOS
DE CONCENTRAÇÃO DO CEARÁ
Evento Autônomo da Sociedade Civil Organizada
Em 05/05/2018 – Na
AABB - Senador Pompeu - Ceará
ABERTURA:
08:00h:
Leitura de Poesia – Poeta Antonio
Vieira
08:10m: Exibição Vídeo da 35ª Caminhada da Seca
– Diretor: Valdecy Alves – 9min
PRIMEIRA MESA
08:20h às 09:20h–Palestrantes – Cada um
terá 15 minutos + 5 minutos se necessário:
Iderlândio Morais – Tema: Como se comportou o prefeito e a
Câmara Municipal de Senador Pompeu diante do Campo de Concentração do Patu?
Fizeram o que deviam?
Glauber Matos – Tema: Como anda o tombamento do Sítio
Histórico do Campo de Concentração do Patu
Robério Fernandes – Que direitos fundamentais foram
violados pelo Campo de Concentração do Patu na Constituição de 1891 e em
relação à Constituição de 1988 – Tais violações a direitos fundamentais
deixaram de existir nos diais atuais???
INTERVALO - LANCHE
09:40h
às 09:50h
SEGUNDA MESA
Leitura de Poesia – Poeta Antonio Vieira
10:00h –
10:20h – Palestrante
Ismael Lima – Tema: O papel das escolas na
preservação da memória do Campo de Concentração do Patu e local.
10:20h –
10:40h - Palestrante
Valdecy Alves – Tema: Porque a tragédia de Canudos e o
aniquilamento de Caldeirão são tragédias irmãs dos Campos de Concentração do
Ceará
TERCEIRA MESA
11:00h – 11:20h - Memorialista James Brito – Convidado Especial –Crato - Ceará
Tema: As similaridades entre os campos de
concentração do Buriti no Crato e o Campo de Concentração do Patu em Senador
Pompeu. Como está a preservação da memória?
11:20h às
11:50h: Debate com o Público
FINAL: I- 11:50H Lançamento
do Livro do Poeta Antonio Vieira
II- Visita ao Campo de Concentração do Patu
Dona Carmélia - Ultima sobrevivente do Campo de Concentração do Patu Senado recebida pelo memorialista James Brito e Valdecy Alves |
Professor Ismael Lima falando sobre o papel da escola na preservação da memória |
MANIFESTO DO V SEMINÁRIO: Sempre que é aberto o evento, totalmente autônomo e realizado pela sociedade civil, é lido o manifesto abaixo:
MANIFESTO
- V SEMINÁRIO
Sertão – Seca - Memória e Cidadania
Campos de Concentração Nunca Mais
CANUDOS
E CALDEIRÃO - TRAGÉDIAS
IRMÃS
DOS
CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO DO CEARÁ
Evento da Sociedade Civil Organizada
Debater
sobre o Campo de Concentração do Patu de Senador Pompeu, que foi criado do
final de abril de 1932 recebendo a maioria dos concentrados até 10 de maio de
1932. A partir daí debater sobre os demais campos de Concentração de 32
(02 em Fortaleza – Pirambu e Otávio Bonfim – Ipu – Quixeramobim – Cariús e
Crato) os campos da seca de 15 (Matadouro e Alagadiço) e o grande Campo de
Concentração do Alagadiço na Seca de 1877/1879. Em meio a isso a comemoração do
dia do Trabalhador, 01 de maio de 1932, já foi com milhares de flagelados
concentrados. Presos. Sem o direito de ir e vir. Sem o mínimo de dignidade. Sem
condições higiênicas, sem alimentação suficiente, trabalho escravo e abandono.
Na mais plena miséria. Tanto que por conta disso, Senador Pompeu ficou conhecida
como “o curral da fome”. Os flagelados foram atraídos com promessa de que
seriam empregados na obra da retomada da construção da Barragem do Patu, que
fora suspensa desde 1923. Quando abriram as inscrições para os flagelados se
alistarem no dia 25/04/32, só no primeiro dia, foram 6.000 inscritos. Em
20/05/32 já eram mais de 18.000 flagelados. Não havia obra nenhuma. Nem
trabalho. Presos e amontoados como gado. Humilhados. Encontraram a morte, foram
dizimados pelo cólera, tifo, sarampo. Enterrados no Cemitério da Barragem, aos
milhares, em valas comuns. Lugar tido como santo e sagrado por romeiro, que
anualmente visita o local, ao pé da Serra do Patu. O Cemitério tido como Campo
Santo para os sertanejos.
Um
genocídio lembrado pela anual Caminhada da Seca, que já é realizada há 35 anos.
Necessário debater tal fato. Necessário que não se repita. Necessário entender
o que levou a tal tragédia e compreender o genocídio e suas causas. Para que erras
menos no presente e se melhore o futuro. Para se entender o Estado brasileiro e
suas políticas, que pouco mudaram desde o Império. A preservação da memória, do
patrimônio material (casarões) e imaterial (poder das almas da barragem-
outros)... O RESGATE DO QUE HOUVE VERDADEIRAMENTE COMO LANTERNA PARA O AMANHÃ COMO
VERDADEIRA NAÇÃO. SEM EXCLUSÃO SOCIAL. SEM A MENTALIDADE COLONIAL QUE AINDA
PERDURA NOS QUE DETÊM O PODER ECONÔMICO E POLÍTICO. Manter viva a memória é um
trampolim seguro para fortalecer a identidade do povo de Senador Pompeu, do
Ceará, do Nordeste e do Brasil. Debatendo o Sertão, a política das secas e das
águas, a importância de preservar a memória, para a efetivação da mais plena
cidadania, que é impossível quando não se garantem os direitos humanos
fundamentais e o mínimo existencial de cada pessoa pelo Poder Público. QUE
ESTADO QUEREMOS. COM CERTEZA NÃO O DE DOM PEDRO II, DA SECA DE 1877/1879, NÃO O
DA VELHA REPÚBLICA, na Seca de 15, NÃO O
DA ERA VARGAS EM 32, quando os campos de concentração atingiram quase a
perfeição. A ideia é realizar o Seminário sempre todo primeiro sábado de maio
de todo ano, próximo ao dia do trabalho, quando trabalhadores foram de fato condenados
à morte é à exploração em Campos de Concentração, que maculam a história das
políticas públicas do Estado Brasileiro, que tem como essência precípua,
promover o bem de todos e a Justiça Social. A ideia é promover o evento todo
ano, logo após o dia do trabalho.
O CASARÃO DA INSPECTORIA
(Aos casarões e
vítimas do Campo de Concentração de Senador Pompeu)
Majestoso sobre o alto
Solitário, antigo, assombroso...
Por contínuos ventos açoitado
Banhado por odores da mata
Sempre desperto e atento
Furtando cor aos raios do sol
Ou sob a beleza de sem igual luar
Templo de morte e de vida
Placo de dor e desespero
De incontáveis ais de morrentes
De inúmeros uis de amor
Hotel de morcegos e corujas
Sistina de pervertidos desenhistas
Metade de inferno
Cinquenta por cento paraíso!
Janelas são olhos contemplativos
Portas bocas que falam
Aos ouvidos sensíveis
Os caibros absurdos sonoplastas
.........................................
Vem o sol, vão-se as chuvas
Vêm os amantes, vão-se as gerações
O casarão fica
Engolindo, fazendo e cuspindo história.
(Poesia de Valdecy Alves)
Aluna do Liceu Sarah dando depoimento sobre experiência como aluna no resgate da memória |
Dona Carmélia Gomes - Apresentado a todos os presentes no Seminário Ela é a última sobrevivente do Campo de Concentração do Patu Quase 100 anos de idade |
Poeta Vieira Filho declamando poesia do seu livro de poesias |
Memorialista James Brito - Encerrando o evento com sua palestra Falando sobre o Campo de Concentração do Buri - no Crato |
Lançamento do livro de poesias Poeta Vieira Filho |
VISITANDO AS RUÍNAS DO CAMPO
DE CONCENTRAÇÃO DO PATU
Palestrantes visitam a Estação Ferroviária do Campo de Concentração do Patu |
Palestrantes visitam o Casarão da Inspectoria do Campo de Concentração do Patu |
Campo Santo do Campo de Concentração do Patu Em seus valados foram enterradas milhares de pessoas na grande seca de 32 |
Palestrantes visitam Cemitério da Barragem do Campo de Concentração do Patu |
VEJAM VÍDEOS REFERENTE AO V SEMINÁRIO REALIZADO - PARA ASSISTIR BASTA CLICAR NA IMAGEM:
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