SEMINÁRIO SERTÃO- SECA - MEMÓRIA E CIDADANIA - CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NUNCA MAIS! EM SENADOR POMPEU - CONSEGUIU LEVAR O TEOR DO SEU DEBATE - PRESERVAR PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL PARA CIDADANIA - PARA MILHARES DE PESSOAS! FOI UM ÊXITO!
Dra. Mara Paula abrindo o seminário com o tema Sertão - Seca - Memória e Cidadania Campos de Concentração Nunca Mais Fotos: Mara Paula - Valdecy Alves |
Na manhã de sábado, dia 03/02/3014, teve o início o Seminário: SERTÃO - SECA - MEMÓRIA E CIDADANIA - Campos de Concentração Nunca Mais! No Centro Pastoral, em Senador Pompeu (CE). Evento alternativo realizado pela sociedade civil organizada em parceria com a Paróquia Nossa Senhora das Dores.
CONSISTIU EM DEBATES PELA PARTE DA MANHÃ, ENTREVISTAS COM OS DEBATEDORES EM RÁDIOS LOCAIS, PARA TODA COMUNIDADE TER ACESSO AO TEOR DO SEMINÁRIO, VISITA DOS DEBATEDORES AOS CASARÕES DO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO E À NOITE, EXIBIÇÃO DE DOIS DOCUMENTÁRIOS, SOBRE O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO PATU E A CAMINHADA DA SECA, QUE SE REALIZA TODO ANO, NO SEGUNDO DOMINGO DE NOVEMBRO.
Dr. Valdecy Alves Palestrante da primeira mesa |
A primeira mesa debateu sobre: A RELIGIOSIDADE E A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA. Tendo como palestrante o Dr. Valdecy Alves e debatedores: Glauber Matos, representante da Fundação Santa Terezinha e Micaelly, representante do Centro de Defesa de Direitos Humanos Antonio Conselheiro. A palestra percorreu o seguinte roteiro: 1)
Em
Senador Pompeu foi a memória oral através da santificação das Almas da Barragem
Martirizadas, a religiosidade, a maior responsável por manter viva a história
do Campo de Concentração do Patu – da Seca de 32. Depois os casarões –
Sebastianismo e Milenarismo; 2)
Exemplos
similares do poder da religiosidade na preservação da memória: Ceará: Beato Lourenço e Padre Cícero; Nordeste: Canudos; Mundo:
Coliseu e os tesouros do Vaticano; 3)
Padre
Albino e a Caminhada da Seca; 4)
Padre
João Paulo e a documentação foto/literatura; 5)
Padre
Carlos Roberto e a luta popular; 6)
O
futuro – a preservação do patrimônio material e imaterial com a luta da
participação popular e da religiosidade; 7)
A
religiosidade como patrimônio cultural imaterial paralela ao patrimônio
material e fundamental para cidadania, a identidade e a efetivação dos direitos
fundamentais ligados ao mínimo existencial e à dignidade da pessoa humana.
1ª MESA: Glauber Matos - da Fundação Santa Terezinha em Debate |
Público atento ao debate - De óculos ao fundo: Vereadora Lúcia Aquino |
1ª MESA: Micaelly- do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antonio Conselheiro |
Formação da segunda mesa tendo como palestrante a estrela do seminário: PROFESSOR HUMBERTO CUNHA Cobrindo o evento: Reginaldo Araújo |
A segunda mesa, a mais esperada em virtude da presença do Dr. Humberto Cunha teve como tema: PATRIMÔNIO MATERIAL - PRESERVAÇÃO E DIREITOS FUNDAMENTAIS. Como debatedores da mesa o Dr. Tércio Aragão, estudioso da obra de Shakespeare e Fram Paulo, Documentarista, cineasta e militante social. A palestra do Dr. Humberto Cunha seguiu o seguinte roteiro:1) A cultura na atual Constituição Federal, a mais cidadã de todas constituições; 2) A definição de patrimônio cultural conforme a Constituição; 3) A função do Poder Público em se tratando da preservação; 4) A importância da participação da sociedade na preservação do patrimônio cultural; 5) como os ditadores agem quanto à preservação do patrimônio cultural; 6) A definição de patrimônio cultural; 7) A diferença entre patrimônio cultural material e imaterial; 8) Como deve ser visto o patrimônio representando pelos casarões do Campo de Concentração do Patu e sua parte Imaterial; 9) A importância da preservação para o exercício pleno da cidadania.
Professor Humberto Cunha - No Momento da Palestra |
Professor Humberto Cunha teve variada plateia: escritores, atores, humoristas, estudantes, adultos, idosos, crianças, religiosos, representantes de ONG's, militantes culturais diversos. Merecendo destaque a presença das crianças da comunidade de Engenheiro José Lopes, que por conta própria estão preservando e ocupando a estação ferroviária local. Um verdadeiro exemplo da importância da participação da comunidade, que por si só deixa claro que não há melhor tombamento que a consciência da comunidade e a ocupação de um prédio a ser preservado por aqueles para quem o bem a ser preservado é importante.
Todos atentos na busca de melhor compreensão sobre o tema abordado |
Uma experiência em que todos compartilharam reciprocamente |
Dr. Tércio Aragão dando início ao debate da 2ª Mesa |
Dr. Tércio Aragão dá início ao debate da segunda mesa, observando que apesar do fato ser terrível: CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO! É necessário preservar e compreender, pois assim a memória dissecada, permitirá concluir que nunca mais, nas políticas das secas no Brasil, serão aceitas experiências similares à que ocorreu em Senador Pompeu no Campo de Concentração do Patu, na seca de 32.
Por fim, dirigiu-se ao palestrante solicitando que fizesse uma clara distinção entre o que seja PATRIMÔNIO MATERIAL e PATRIMÔNIO IMATERIAL.
Fram Paulo - Dando continuidade ao debate da 2ª Mesa |
O debatedor Fram Paulo fez uma reflexão sobre o papel do Poder Público quanto às políticas culturais de preservação do patrimônio cultural material e imaterial. Concluindo que o Poder Público, em todos os níveis: municipal, estadual e federal, não apenas é omisso quanto à efetivação da preservação, COMO É O MAIOR VIOLADOR QUANTO A PRESERVAR. A parte da manhã do seminário foi concluída por volta do meio-dia.
Equipe organizadora do I Seminário Sertão - Seca - Memória e Cidadania - Campos de Concentração Nunca Mais! Da direita para esquerda: Karla Samara - Fram Paulo - Valdecy Alves - Mara Paula |
CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO PATU
– HISTÓRICO
DATA
|
NÚMERO DE FLAGELADOS
|
25/04/32
|
6.000
|
04/05/32
|
13.600
|
20/05/32
|
18.000
|
25/05/32
|
19.686
|
Fonte: Jornal O Povo – Pesquisa: Valdecy Alves
A ideia dos organizadores é realizar o evento no primeiro sábado após o dia do trabalho de todo ano, doravante. JÁ QUE O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO FOI CRIADO NA SEMANA DO DIA DO TRABALHO, ATRAINDO-SE OS MILHARES DE TRABALHADORES FLAGELADOS, SUPOSTAMENTE PARA TRABALHAREM NA RETOMADA DA CONSTRUÇÃO DO AÇUDE DO PATU. O QUE ERA UMA ARMADILHA. POIS ERA PRA SER APRISIONADOS NO PRIMEIRO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO PATU, EM SENADOR POMPEU. DEPOIS VEIO O CAMPO DE BURITI NO CRATO E ASSIM POR DIANTE. NA SEMANA UNIVERSAL DO DIA DO TRABALHO EM 32, NO NORDESTE, O TRABALHADOR ERA TRANSFORMADO EM CONCENTRADO. Abaixo o manifesto com a justificativa da criação do seminário realizado:
Debater sobre o Campo de Concentração do Patu de Senador
Pompeu, que foi criado do final de abril a 10 de maio de 1932. Em meio a isso a comemoração do dia do
Trabalhador, 01 de maio de 1932, já foi com milhares de flagelados
concentrados. Presos. Sem o direito de ir e vir. Sem o mínimo de dignidade. Sem
condições higiênicas, sem alimentação suficiente. Na mais plena miséria. Tanto
que por conta disso, Senador Pompeu ficou conhecida como “o curral da fome”. Os flagelados foram atraídos com promessa de que
seriam empregados na obra de construção da Barragem do Patu, que fora suspensa
desde 1919. Quando abriram as inscrições para os flagelados se alistarem no dia
25/04/32, só no primeiro dia, foram 6.000 inscritos. Em 20/05/32 já eram mais de 18.000
flagelados. Não havia obra nenhuma. Nem trabalho. Presos e amontoados como gado.
Humilhados. Encontraram a morte, foram dizimados pelo cólera. Enterrados no Cemitério
da Barragem. Lugar tido como santo e sagrado. Um genocídio lembrado pela anual
Caminhada da Seca. Necessário debater tal fato. Necessário que não se repita.
Necessário entender o que levou a tal tragédia e compreender a tragédia e suas
causas. Para que se acerte no presente e se melhore o futuro. A preservação da
memória, do patrimônio material (casarões) e imaterial (poder das almas da
barragem- outros) é um trampolim seguro para fortalecer a identidade do povo de
Senador Pompeu, do Ceará, do Nordeste e do Brasil. Debatendo o Sertão, a
política das secas e das águas, a importância de preservar a memória, para a
efetivação da mais plena cidadania, que é impossível quando não se garantem os
direitos humanos fundamentais e o mínimo existencial de cada pessoa pelo Poder
Público. A ideia é realizar o Seminário sempre todo primeiro sábado de maio de
todo ano, próximo ao dia do trabalho, quando trabalhadores foram condenados à
morte num Campo de Concentração, que macula a história das políticas públicas e
do Estado Brasileiro, que tem como essência precípua, promover o bem de todos e
a Justiça Social. A ideia é promover o evento todo ano, no primeiro sábado logo
após o dia do trabalho. Tendo como convidado de honra o professor e Dr.
Humberto Cunha.
03 de maio de 2014 – 82
anos após a Seca de 32
Manifesto do Grupo de
Realizadores do Evento
ABAIXO MAIS FOTOS DO EVENTO:
Vereadora Lúcia Aquino lamenta que mais vereadores não tenham comparecido ao evento |
Humorista Carlos fazendo indagações |
Radialista e blogueiro Walter Lima falando sobre o evento e sobre o Documentário que será lançado sobre o Rio Banabuiú |
Momento de encerramento dos debates pela aprte da manhã |
Debatedores próximo ao banner oficial do evento |
Visita ao Cemitério da Barragem do Campo de Contração de 32 Conhecido como Santuário da Seca |
Professor Humberto Cunha em frente ao Cemitério da Barragem |
Visita ao Casarão Principal do Campo de Concnetração |
Debate sobre preservação do patrimônio material e imaterial na Rádio Sertão Central Importância do Campo de concentração de 32 Radialista debatedor: Júnior Holanda |
Debate sobre preservação do patrimônio material e imaterial na Rádio Sertão Central Importância do Campo de concentração de 32 |
Debate sobre preservação do patrimônio material e imaterial na Rádio AM Patu Importância do Campo de concentração de 32 Radialista debatedor: Walter Lima |
Após exibição dos documentários à noite Muitos se despediram do Professor Humberto Cunha |
Mara Paula e Karla Samara - Da organização e produção do seminário ABAIXO OS DOIS DOCUMENTÁRIOS EXIBIDOS NA NOITE DE SÁBADO QUE PODEM SER ASSISTIDOS BASTANDO CLICAR NA IMAGEM: |
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