MAIS UMA SECA NO NORDESTE – ANO DE 2012 - SÓ MAIS UMA NOS ÚLTIMOS MILHÕES DE ANOS – PORÉM A INCOMPETÊNCIA POLÍTICA APROVEITA-SE PARA CULPAR A SECA PELA MISÉRIA E UTILIZA A SECA PARA ALIMENTAR-SE COMO CORRUPÇÃO – SERÃO OS CALANGOS E MANDACARUS MAIS CAPAZES QUE O SER HUMANO?
Gado morto por vaqueiros poderosos que vitimizam gados humanos vivos - todos vítimas (Fotos: Valdecy Alves - quem copiar favor citar a fonte) |
Dizem que a atual seca
no Nordeste, em 2012, é uma das piores dos últimos 50 anos. Fome no campo,
açudes secos, vacas mortas às centenas, sede, fome, miséria... Mas os calangos,
os mandacarus, a jurema atravessam muito bem o fenômeno denominado de seca,
será que são mais competentes que o ser humano, criador da política e da
tecnologia? Será que os governantes não se cansaram de enganar as pessoas?
Todos sabem o que significa a indústria da seca. USAR DA SECA PARA CONSEGUIR
MAIS VERBAS E DESVIÁ-LAS PARA O VORAZ E INSACIÁVEL APETITE DA CORRUPÇÃO. Os que
detêm o poder político, comemoram quando há seca, pois é quando chove mais em
seu roçado, aliás quando há um dilúvio e ficam mais ricos. Até porque resta
claro que a seca tem preferência pelos pobres e pelos camponeses pobres.
Sertão ressecado de Senador Pompeu - Ceará - Ao fundo a Serra do Patu - ao lado do Cemitério da Barragem Onde estão enterrados as vítimas do Campo de Concentração do Patu - Seca de 32 |
Assim foi na seca de
1877, 1915, 1932... sempre, até os dias atuais. Que o diga Canudos, que o siga
Caldeirão de Beato Lourenço, que o diga o Campo de Concentração do Patu em
Senador Pompeu! A seca está lá nos “ SERTÕES” de Euclides da Cunha, na “FOME”
de Rodolfo Teófilo, no “QUINZE” de Raquel de Queiroz, em “VIDAS SECAS! de
Graciliano Ramos. Que o diga Padre
Cícero, que o diga Antonio Conselheiro! Quem não conhece a música de Patativa
do Assaré, gravada por Luiz Gonzaga, A Triste Partida.
Árvore ressecada - espera a água para renascer - mais competente que o Poder Público |
Mais um do gado morto |
E assim findará tudo que for gado e que não virar vaqueiro sobre o cavalo (Foto de Mara Paula) |
Todavia, mais uma vez,
a seca é inocente, e todas as vítimas, já vulneráveis socialmente mesmo nos
chamados bons tempos, são, sobretudo, vítimas da incompetência política, da
corrupção, da falência do poder público, da incapacidade do Estado efetivar os
direitos humanos fundamentais mínimos.
Não sendo demais lembrar que há seca na
qualidade da educação, na prestação da saúde pública, no nível da política da
segurança pública, da efetivação dos direitos previdenciários e tantos outros
direitos mínimos, sem os quais a dignidade da pessoa humana se torna a utopia
mais irrealizável.
A planta sem tecnologia e sem governante sobrevive tranquilamente à seca |
A corrupção, o
oportunismo, a indústria da seca não dormem, não hibernam, não descansam. Mas
são sempre mais vorazes quando há seca, pois a seca é o seu oásis, seu dilúvio,
seu tempo de vacas gordas. A seca não é a besta fera! TAL REALIDADE TEM QUE ACABAR, SOB PENA DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO TER RAZÃO DE EXISTIR, O ESTADO PERDER SUA LEGITIMIDADE
E A DEMOCRACIA NO BRASIL NÃO PASSAR DE UMA PIADA DE MAU GOSTO! NECESSÁRIO
COLOCAR UM FIM NO VELHO CORONELISMO HOJE COM A MÁSCARA DA ELETRÔNICA E DA
CIBERNÉTICA. TÊM-SE CORONÉIS INTERNAUTAS DELETANDO O BEM ESTAR DE MUITOS NUM VIDEOGAME ONDE A
MAIOR VÍTIMA É A DIGNIDADE HUMANA NUM DESERTO REAL PARA MILHÕES, QUE NÃO DEVERIA
PASSAR DE FICÇÃO VIRTUAL DIANTE TANTA TECNOLOGIA E AVANÇO DA CIÊNCIA POLÍTICA.
Aprendamos com a altivez do mandacaru |
Abaixo, na íntegra o
cordel que narra a história do Campo de Concentração da Seca de 32, na Barragem
do Patu, em Senador Pompeu, Ceará. Escrito a partir dos relatos dos sobreviventes, do
cordelista e ativista Valdecy Alves, quem copiar favor citar a fonte:
Meu Irmão desse planeta
Preste atenção vou contar
Usano a minha Caneta
O que se deu no Ceará
Num terrive palco dor
Lá no Sertão Central
Cidade de Senador
Na seca do grande mal
Peço inspiração à lua
Vigor das ondas do mar
A força da terra nua
Das serras cortano o ar
Mistero das entidade
O poder do deus antigo
A solidez da lealdade
A malícia do inimigo
A benção do Padim Ciço
A firmeza de Lampião
A eficaça do feitiço
A força de Frei Damião
Pra bem contar essa saga
Muito triste e de gran risco
Quero a fúria de Corisco
A voz de Luiz Gonzaga
De mãe-d’água, gira, gira...
A ciença de caipora
Quero o horror de curupira
Da seipente toda glora
A força do lobisome
Mula da cabeça o fogo
Toda a maliça do home
Pra enfeitar meu verso em jogo
Proteção, Beato Lourenço
Abençoai-me beata Anália
Iluminai o que penso
Livrai-me da feia mortalia
Santos de Pedra Bonita
Penada almas de Canudo
Penitente que em dor grita
Promesseiro em fé... mudo
Ocorreu em trinta e dois
Na beira do rio Patu
Com o povo que adepois
Virou janta de urubu
Lhe digo, amigo meu
Nos versos desse poema
Houve em Senador Pompeu
Local do grande problema
Vencero então, os ingleses
A tal da licitação
Pro longo de muitos meses
Encher dágua o sertão
Fazeno a grande parede
No mei do rio Patu
Vê se acabavam a sede
Do vale Banabuiú
Chegaro então engenheiro
Explodiu a dinamite...
Multidão, muito dinheiro...
Sem regras e sem limite
Ciença, tecnologia
Homens eram os milhares
Trabalho de noite e dia
Pra ver o fim dos pesares
Da lombada no espinhaço
Surgiu comprida vila
Favela, mundo-bagaço
Ao pé da serra tranquila
Mais no alto o casarão
E mais outro, outro mais
Morada da outra nação:
O inglês, o capataz....
A vila toda de taipa
Casas mais de quinhentas
Formano esquisito mapa
Rude, estranho, deferente...
Enquanto os casarões
Da mais fina arquitetura
Pareciam ser mansões
Rino do pobre em agrura...
Assim formado o tal palco
Para grande construção
O pó das pedras em talco
Sucedia a cada explosão
Fazia-se prisão pra água
Os braço de tantos home
Vê se findavam a mágoa
Sonhano matar a fome
Começou em dezenove
Findano só em vinte e três
Questão que inté me comove
Contar o feito do inglês
Sumiu deixano pra trás
Toda a enorme estrutura
Levou dinheiro demais
Da fome e misera a cura
Então-se tava acabado
O palco de trinta e dois
Ano de terrive seca
Dali nove anos depois !
A água pra seca espantar
Migrou pros olhos do povo
Que voltou a enfrentar
A velha seca de novo
Mal findava trinta e um
O sertanejo com fé
De não ter problema algum
Sobrar a comida inté
Acreditava em inverno
No ano novo que adentrava
Nem sabia que o inferno
Aos pouco se aproximava
Viera as primeira chuva
E já preparado o chão
A semente em cova luva
Arroz, milho e feijão
Mas acabou-se a neblina
O vento o céu nublado
Gota sequer pequenina
Caiu no sertão tostado
Primeiro veio um medo
Seguido da esperança
Tudo mistero, segredo
O home virava criança
Achano que era castigo
Aquela nova estiagem
Invisive o inimigo
Rezava ao pé da imagem
Nem reza, nem esperança
Resolvero o gran problema
A matar perseverança...
A seca era o grande tema
Secou cada um dos açude
A terra logo rachou
Mais velhos diziam: mude !
O sertão silenciou
Começou a emigração
Pras bandas lá do Sudeste
Amazona, Maranhão
Todos fugino da peste
Era como a própria morte
Explodira no sertão
Melhor nos braços da sorte
Que ficar naquele chão
Era gente nas estrada
Em cima de caminhão
Na vereda, na chapada
Na serra, no lajeirão
Home, muié, até cachorro
Criança só de montão
Diziam: vou mas num morro
A míngua no meu sertão
E o sertão antes tão calmo
Parecia formigueiro
Reza, oração e salmo
Nada abrandava o braseiro
A terra mais parecia
Um forno todim em brasa
Atrás do mormaço em dia
Tremia: serra, mata, casa...
A falta d’água sentia
Até a mãe natureza
O rio que antes sorria
Tristonho sem correnteza
As planta toda sem foia
Em pleno mês de abril
Não, ninguém tinha escoia
Os bicho fora do cio !
Mas se faz um comentaro
Que é pra ninguém esquecer
As ave, as planta, meu caro
Nada ali ia morrer
Via-se que num orava
Que sem botar pé no chão
Todos eles escapava !!!
Havia estranha lição...
Fazenderos preocupado
Com a tal situação
Reunir padre, delegado
A direita, a oposição
A continuar como tava
Só eles iam sobrar
Era o que se comentava
No sertão do Ceará
Era preciso impedir
A fuga da sequidão
Dizia capitão Valmir
Primo de Sebastião
Fazendeiros muito ricos
Conhecido em todo
Estado
Mandava até nos milicos
Do prefeito ao deputado
O sertão se assanhou
De Mombaça a Quixadá
Tauá, o Sul se abalou
Aracati, Tianguá...
Pro povo num ir embora
Fizero concentração
Está escrito na histora
Do livro do sabidão
Lá em Senador Pompeu
No mei do sertão central
Acredite, amigo meu
Mulher, menino, animal
Chegavam a cada dia
Descalços de pé no chão
Magros,barriga vazia
Para tal concentração
Assim a vila de barro
Os casarões dos ingleses
A pé ou vindo de carro
Recebiam seus fregueses
Da barragem o fantasma
Perdido nas amplidão
Fome, sede, mortal asma
Naquela grande prisão
De Pedra Branca a Ipu
Solonópole a Milhã
Acopiara, Iguatu,
Mãe, filho, pai, irmã
Gente de todos os lado
Chegar na concentração
Ali teria o agrado
Dalguma alimentação
O trem ia ao local
Trazeno o feijão carroz
Comida pra animal
Diziam tempos depois
Era a maior aflição
Era a maior agonia
Ali na concentração
Quem entrava num saía
Milhares de seres vivos
Em tão pequenino espaço
Os sadios mais ativos
Pareciam feitos de aço
Vei o piolho o flagelo
Raparo todas cabeça
Assim sem algum apelo
Diziam: Me obedeça !
Os sacos do mantimento
Logo viraram roupão
Num tinha divertimento
Só a grande multidão
Toda de branco vestida
Sem cabelo home e muié
Tudim igual na vida
Como amiga só a fé
Teve a misera em Canudo
Teve ano setenta e Sete
Onde morreu quage tudo
Velho, bebê o pivete...
E teve a seca do quinze
Aí vei trinta e dois
E por mais que tudo acinze
Seca há de voltar depois
Então o que há de errado
Culpado o tempo num é
Se o bicho bruto acanhado
Escapa mesmo sem fé ???
É de se pensar no caso
Fazer uma reflexão
Isso pra num se dar aso
À fome, à sequidão
Comecou a mortandade
De fome até repentina
Veio logo a orfandade
Do menino e da menina
Um aqui, outro acolá
Logo, logo às dezenas
Morreno e a lamentar
Até chegar às centenas
Com tanta misera e fome
No sertão de Senador
Chamado curral da fome
Por quem não tinha pudor
Aos ricos causou vergonha
Fecharo até cemitero
Diante falha medonha
Enterraro sem critero
Na própria concentração
Faziam enorme valado
Faminto o seco chão
Devorava o flagelado
O céu sem nuvem, azul
A vala no alto do morro
Se fartava o urubu
Se empanturrava o cachorro
O cemitero é retângulo
Ao pé da Serra Patu
Frente a usina triângulo
Jardim do mandacaru
Cercado dum alvo muro
Todo fincado de cruz
A invadir o futuro
Onde possa existir luz !
Muro em forma de quadrado
Grande cruzeiro na frente
Na verdade é um valado
Onde se enterrou mil gente
O resgate da memora
Do povo de mau destino
Deve seu entrar pra histora
Ao saudoso Padre Albino
Local de muitas lendas
E de perigrinação
Destino de muitas sendas
Catedral da oração
Visitado pelo ateu
Lugar sagrado, ô irmão
Lá de Senador Pompeu
Jóia do belo sertão
Ali sob o céu azul
Morada da branca nuvem
Palco do negro urubu
Muitas historas surgem:
Visagens da meia-noite
Gritos e lamentação...
As cruzes alvos de açoite
Dos ventos da assombração !
Sempre tem velas acesa
Gente pagano promessa
O altar bem simples mesa
Onde a fé logo se acessa
Cego lá voltou a ver
Mudo aprendeu a falar
Morto voltou a viver
Toda a graça a se alcançar
Pra lá vai a procissão
Pessoas do povo, fiéis
Pés ao milhares no chão
Turistas e menestréis
Cantano salmos e hinos
Da época de trinta e dois
Velhas, homens e meninos
Sob o forte sol algoz...
Maria perdeu Miguel
Toninho ficou sem pai
Raimundo sem Estael
Tanto lamentos e ai !
Tava a tragédia armada
A doença a se espalhar
Toda gente abandonada
A se enterrar... se enterrar..
Ai de quem fosse fugir
Se não morto seria preso
Foi assim que o Valdir
Dum tiro restou bem teso
Nos braços do seu amor
A morrer se lastimano
Os gritos delas de dor
São visage ecoano
Além de todos lamentos
No local se vê té luz
Gritos vindos com os ventos
Até já viram Jesus
Muita gente alcançou graça
No cemitero tão triste
Mortos sem nome e da raça
Do tal do home que existe
Manhã de segunda-feira
Sepultaro uma criança
Sofrera a semana inteira
De escapar sem esperança
Teve o fígado arrancado
Tal demais mortos dali
Lançada ao fundo valado
Com ar de estranho sorrir
Casarões abandonados
São estranhas testemunha
Dos tristes tempos passados
Vividos a ferro e unha
A barragem concluída
Lá pelos idos de oitenta
Pouco mudou a vida
Vira nuvem quando esquenta
Casarões são majestosos
Há cinco casas pequenas
Galpões sem telhas vultosos
Outros em ruínas, Atenas !
Alvenaria nordestina
Mesclada com européia
Há uma gótica usina
Que atrai grande platéia
Ali num falta turista
A de se encher de emoção
Elogiam até o artista
Que enfeitou o sertão
Tudo desde trinta e dois
Desafio a ser preservado !
Tem Dezenove Dois, Dois
Lutano pra ser tombado
Seu Mauro sobrevivente
O triste fato narrou
Seu Zacaria inteligente
Muito também contou
Assim tantos que escaparam
Narrano a olhar pro chão
Os horrores que enfrentaram
Campo de concentração
Ás águas não são usadas
Cobraram caro tributo
Tantas vidas flageladas
Sob aquele viver bruto
Antes morriam de sede
Diziam: não tem água !
Que se vai lém da parede
No home represa-se a mágoa
Só restou mesmo a fé
E da seca a caminhada
Pra onde todos vão a pé
Multidão emocionada
Em memorar todos mortos
Sempre vou bem me alembro
Trilhos são veredas tortas
Todo santo mês novembro
Dor, fome, ai, sofrimento
Flagelo, morte,
doença
Tortura, grito, tormento
Temor, angústia descrença
Enterro, lamento, choro
Saudade, órfãos, viuvez
Sede, azar, mal, fei agoro
Carniça, cadáver-vez...
Um cabra dum caminhão
Meia-noite por lá passava
Solitário e a sensação
De que todo se arrepiava
Viu um flagelado em luz
Chorano pra seu espanto
Fazeno o sinal da cruz
Pois fim a todo encanto
Há quem veja luz azul
A subir do mei do chão
Há quem oiça sururu
Nas trevas da escuridão
Escutam choro e gemido
Vozes no mei da mata
Horrives sons e latidos
Chuva de ouro e de prata
Ousei invadir Camões
Falar de histora e de fé
A narrar sobre os sertões,
Patativa de Assaré,
Perdoem-me a ousadia
De trilhar seu Universo
Funesta epópéia que um dia
Encantou-se em meu verso
Pra falar da seca louca
Ocorrida noutra era
Grito, lamento, voz rouca
Diante da besta-fera
Não se sabe se do céu
Castigo por pouca fé
Se do inferno de Escarcéu
Se é bicho de dois pé
Sabe-se que ela existe
Que num tem nem coração
E ai daquele que insiste
Em fazer sonegação
A besta é mermo terrive
Bota mermo é pra matar
Ao pobre morte horrive
Ao rico mais enricar
O terrive fato histórico
Tá no imaginar do povo
Invadiu mundo folclórico
Assunto do velho e o novo
Já foi de teatro tema
Do cantar, televisão
De pintura, de cinema
De ciença e religião
Só que a grande imprensa
Só fala da mortandade
Parece que ela só pensa
Passar infelicidade
Houve sonhos destruídos...
Amores mortos, cristão,
Amanhãs interrompidos
Loucuras e perdição...
Certamente não há culpa
Da boa mãe natureza
O real nada desculpa
Do que crê só na moleza
Se os brutos tão a viver
No reino da sequidão
O que se pode dizer
Do homem-pai, revolução ?
Ou muito pouco aprendeu
Aprendeu num sabe usar
O eleito prefeito seu
Pouco sabe administrar
Nessa Deus é inocente
A natureza também
Hão de entrar no afiado dente
Os que só dizem amém !
Na era do computador
Na geração do foguete
No domínio do aviador
Vamo deixar de falsete !
Era do conhecimento
Auge da tecnologia
Não se admite o tormento
Da fome, seca, vazia...
Foi escrito pra vocês
Pra lembrar todo ocorrido
Pra ver se num tem mais vez
Pra jamais ser repetido
É preciso mudar a histora
E construir novo dia
Pra ver se um tempo a memora
Só comente de alegria
Quisera haver paraíso
Que houvesse também um céu
Pra falar e de improviso
Esse pequeno cordel
Pros mortos lá da barragem
Que lá deveriam estar
Vítimas da bandidagem
Das secas do Ceará
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